Ele foi ferido, traspassado, moído, por amor, amor que na razão do sábio não tem sentido, coisa de loucura, atitude insana, impensável. Seja aquele sangue derramado na terra como peste, o seu evaporar cause contaminação, entrando pelas narinas leve como o ar corroendo toda a não vida, sendo tão contagioso e sutil como a gripe enraizando-se silencioso e metástico, incurável como o câncer. Que chegue o dia da infestação definitiva desse amor, que comece hoje, que comece agora, já está derramado sobre nossos corações, já contaminou a carne e já deve estar na corrente sanguínea, que siga a todas as juntas e medulas até chegar na alma e espírito. Sei que está em todo lugar, em toda a terra e ser que vive, soprando como vento, tentar resistir seria como morrer para morte, deixar-se ser consumido é condução em morte para a vida. Só consigo ver esse amor derramado se for assim, como peste incurável, como resultado imanente para sempre.
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