
E, por onde passava, as ia lançando.
Muitas foram comidas pelos passarinhos.
Outras que chegavam a ver a luz do sol, ainda com seus tenros caules e suas frágeis folhas, foram pisadas por pessoas, guerreiras ou pacificadoras, que iam também por esse caminho.
Algumas murcharam, outras definharam e as que lograram se tornar árvores foram alvos dos ávidos lenhadores e transformadas em portas e janelas, cadeiras e armários, à mercê dos marceneiros.
O pacifista ficou muito triste, quando, ao repassar pelo seu caminho da paz, constatou que a única semente a se transformar em árvore frondosa, verdejante e frutífera, tinha sido aquela sua última semente, que havia plantado, com muito cuidado, no jardim da sua casa.
Lembrando-se de um jardineiro, que cuidava há anos dos jardins e dos quintais das casas do seu bairro, foi até ele e contou-lhe sua experiência de tão pouco sucesso. E pediu-lhe uma orientação sobre o que fazer com as próximas sementes que iria semear de novo em seu caminho, na sua quixotesca e ecológica trilha.
O experiente jardineiro lhe falou:
- Seria maravilhoso, doutor, se as coisas nesse mundo fossem simples assim, sem os entretantos, as datas vênias e os outrossins, bastando a gente sair a caminhar, jogando as sementes, plantando árvores sem fim. Infelizmente, só quem cresce assim são as ervas daninhas. Veja o doutor, até a palavra de nosso Senhor, precisa de um terreno fértil e de muitos cuidados, para germinar e crescer.
Mas, no jardim da sua casa, sua árvore da paz cresceu.
O que o senhor fez com ela?
Cuidou dela, adubou, protegeu. Portanto, acho que deve fazer o mesmo com as próximas que for plantar, com as novas sementes que for lançar, no percurso do seu caminho. Mas seja JUSTO com elas. Só plante a quantidade certa, que possa proteger cuidar e dar carinho.
O pacifista agradeceu ao experiente jardineiro pela sua segura orientação e retornou a sua semeadura pelo mesmo caminho, pela nova trilha de uma jardinagem pragmática, seguindo a mesma estrela de seu ideal, mas, alinhada desta vez, ao arado da realidade prática.
>Moral dessa pequena fábula com base bíblica por sinal:
- Se quiser plantar a paz, plante antes a justiça. -
The Mino Times [Caderno 3] Todos os sábados!
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