É meu único pensamento quando vejo escrito e desenhado nas paredes das instituições a seguinte frase: A MÃO DE DEUS ESTÁ AQUI. Não consigo fazer nenhuma outra analogia que não seja a mitologia, e nesse caso, vejo as defesas teológicas e doutrinárias como areia ao vento, pois a construção [constantinica] chamada cristã [religião] é recheadissima de um paradoxal paganismo, os simbolismos não conseguem fugir em nenhum momento das figuras históricas da mitologia e nem tampouco poderiam representar a Jesus ou seu Reino. O herói do filme é filho de deus e precisa da ajuda de deus, mais especificamente dos seus símbolos [itens] de poder, espada, escudo e a cabeça da medusa a seu beneficio.
Impressiona-me que para concluir seus intentos e derrotar as forças opostas, não é preciso que a medusa concorde em ir junto, ele simplesmente corta a cabeça dela e a leva consigo, pois a cabeça da medusa representa poder e capacidade para obter a “vitória”, alcançar o objetivo, e vencer os inimigos. Não muito diferente da mão de deus [que para mim está para mão de *Zeus *sem considerações etimológicas] já que pode estar em posse de alguém, sendo exibidas macabramente amputadas. Desde que a mão de “deus” possa me dar poder, trazer vitórias, subjugar meus inimigos, concretizar meus desejos mais egoístas, não é preciso que deus esteja junto, afinal ele pode não concordar com alguma coisa, e depois, tendo o poder de deus carregável a mão, para que serve deus se agora eu mesmo posso tudo [simplificando, sereis como Deus], decreto, movo, perdôo, condeno, abençôo, amaldiçoou. Ainda consigo fazer transferência para os meus seguidores, que saem por aí decretando, condenando, desligando, pisando... [como exata imagem e semelhança daquele a quem seguem] Agora, tiremos os símbolos de poder; as mãos de deus, o sacerdote-deus, o poder de deus dos objetos sagrado-divinos o que sobra? Falei alguma coisa sem sentindo? Esse “cristianismo” selvagem e capitalista ávido por poder e controle de vidas, está aquém ao que se propõe.
Facilmente se entende o aprisionamento ao Antigo Testamento e faço um destaque a Davi-olatria, afinal, ele é um dos personagens mais usados para montar o mitológico cristianismo da atualidade, vivia de espada em punho, decretava, era rei próspero, alcançava vitórias, pisava os opositores, e sua melhor imagem é a que ele está com a cabeça do inimigo nas mãos [coincidência?], subjugando os mais fortes. Porém, não vejo ninguém destacar sua humanidade, inconstância, dependência e desejo por misericórdia e presença de Deus ante sua própria miséria pessoal [desejo pela vinda definitiva do Messias]. Aí eu pergunto quem quer ser seguidor de um Jesus cuja mão não pode ser [e nem foi] usada para guerra e cuja vitória nunca é garantida, com decretos de amor e perdão aos inimigos, ele prometeu companhia, não disse que daria poder a ninguém, tampouco aceitaria que um discípulo seu usasse a espada em favor Dele. Não foi Ele mesmo que sendo Deus ensinou o não ser deus e que o poder está justamente na fraqueza [poder para não ter o poder]. Quem quer seguir alguém assim, tão fraco, humano e misericordioso. Bom mesmo é ser guerreiro, conquistar, decretar, julgar, condenar, subjugar, prosperar, espoliar os bens do inimigo [principalmente se não for da minha confissão de “fé”]. Promover a fúria dos cristãos por vitórias custe o que custar, segundo o capitalismo e o diabólico desejo por poder isso é o que há. Chame isso de qualquer coisa, menos de evangelho.
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